quinta-feira, abril 30

No caminho havia uma Tamburello

Uma recomendação que faço a todos: tenha sempre ao seu alcance um pen drive, ou qualquer outro tipo de espaço virtual. Você nunca vai saber quando vai precisar de um. Eu, pelo menos, não me separo do meu. Não é lá essas coisas, mas o suficiente para pegar um filme ou cd que esteja disponível com algum amigo. Essa semana mesmo, graças a um, copiei umas boas coleções. Não sei quando vou ouvir, mas agora estão disponíveis no meu PC.

Não sei como é que alguém ainda ousa em travar qualquer batalha contra quem compartilha os seus arquivos. Velha briga que se iniciou quando foi inventado e colocado no mercado o primeiro gravador de fita. Era um trambolho que nunca se popularizou, mas já dava para copiar os anacrônicos LP. Mercado fonográfico entrou em pânico quando surgiu a fita cassete. Queria proibir a venda dos gravadores. Não conseguiu e se aquietou.

Agora o problema entra na pauta porque copiar um cd ou DVD virou brincadeira de criança. Em todo recanto do país, por menor que seja a vila, há alguém comercializando seus estoques alternativos. E alguém comprando e se enquadrando em um código penal que não vai atrapalhar em nada a evolução do compartilhamento de bits. Hoje, é possível uma conexão bem mediana baixar para a sua máquina um filme em minutos, quando muito, um pouco mais de uma hora. Já assisti ao Wolverine e ao Spirit antes do lançamento na telona. Saborzinho de transgressão. Mas dificilmente sairia de casa para ir até uma locadora em busca desses títulos. Nem me interessa assistir a versão 3D pagando 30 reais. Não mesmo.

A disponibilidade de filmes na net é enorme. Estou com uns 50 filmes arquivados e uns 10 ainda não assisti. Para não pesar muito no HD recomendo repassar para uma mídia gravável, que também permite assistir na televisão. De LCD de preferência. Ou, quem sabe, acoplar a máquina a algum datashow, desses que estão barateando a cada dia que passa. Por sorte descobri um site dedicado a obras de grandes diretores, desses que não se acha nem nas locadoras próximas. Estou me deliciando. A custo zero. Serei eu um criminoso? Tenho certeza que o futuro vai confirmar que não.

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Amanhã, 15 anos sem Ayrton Senna. Tristeza sua morte na Tamburello de Ímola, e tristeza também torcer por um Rubinho que não convence a ninguém. Aliás, essa dupla confirma a máxima que só os bons morrem cedo. Rubinho é o recordista de largada em grandes prêmios. Ruim como só ele consegue, acho que pilotará ainda uns cem anos.


quarta-feira, abril 29

Nada de alguma coisa

Em dívida com esse blog e comigo mesmo pelo descompromisso com que tenho escrito aqui. Poderia falar da vida corrida, do grande volume de coisas que tenho de dar conta, milhões de explicações, mas nenhuma que justifique. Afinal qualquer texto já está valendo quando se trata de um blog tão sem propósito como esse. Mas não poderia deixar de escrever para lembrar que ontem foi o aniversário de uma grande amiga. Daquelas que sempre esteve presente quando foi preciso. Bom ter pessoas assim por perto, principalmente quando a gente sabe que pode verdadeiramente confiar.

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Tomei uma decisão de não mais comentar em blogs que censuram os comentários. Acho que esse tempo já passou e qualquer cerceamento a expressão me soa muito anacrônico. Se não gostou, defenda-se mas não silencie as vozes antagonistas. Elas servem para a sua evolução.

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Sinto-me em falta com algumas pessoas que me são bem caras. Vou me mobilizar para preencher algumas lacunas.

terça-feira, abril 21

Um pouco de Bukowski

Estilo!
Estilo é a resposta de tudo.
É um jeito especial de fazer uma
tolice ou aIgo perigoso.

Antes fazer uma tolice com estilo
do que algo perigoso sem estilo.
Fazer algo perigoso com estilo,
é o que eu chamo de arte.

Uma tourada pode ser arte.
O boxe pode ser arte.
Amar pode ser arte.
Abrir uma lata de sardinha
pode ser arte.

Poucos têm estilo.
Poucos mantêm o estilo.
Já vi cães com mais estilo
que os homens...

apesar de que poucos cães
têm estilo.
Gatos têm muito mais estilo.
Quando Hemingway estourou
seus miolos, teve estilo.

Há pessoas que dão estilo.
Joana D"Arc tinha estilo.
João Batista, Jesus, Sócrates...
César, Garcia Lorca. Conheci
homens na prisão com estilo.

Conheci mais homens na prisão
com estilo do que fora.
Estilo faz a diferença.
O jeito de se fazer.
O jeito de ser feito.

Seis garças tranqüilas
na beira de um lago...
ou você, saindo nua do banheiro,
sem me ver.

domingo, abril 19

Sobre cinema e arte

Quero agradecer aos inventores da Internet pelas oportunidades de resgatar parte da minha vida. Falo isso porque através desse maravilhoso engenho da ciência moderna pude resgatar tanta coisa que gostei em um passado às vezes recente, às vezes mais distante. Hoje, conclui o download do filme de Marco Ferreri Crônica de Um Amor Louco, que retrata parte da vida de Charles Bukowski, extraído de um de seus livros. Se não quiser assistir todo, recomendo ver ao menos os dois poemas que o personagem que interpreta o poeta recita. Um no início e o outro no final do filme. O primeiro fala da importância de se viver com estilo. O do final, sobre o abandono da arte pelo homem, que resolveu se dedicar a guerrear com alta tecnologia. Arte é paz, isso é fato. Nem que seja para apaziguar a tempestade que habita dentro do autor.

Bom olhar o passado e perceber que existem obras cinematográficas perenes. Não sei exatamente qual o elixir na longa vida que algumas criações tomaram. Acho que são os elementos artísticos que a obra encerra. Cinema por si só não é arte. Isso é o que poucas pessoas realmente entendem. A maioria pensa que diante de um cinema está presenciando arte. Parece que é, mas só parece. Arte não envelhece. Já tentou assistir de novo Embalos de Sábado a noite que lançou o Travolta ao estrelato? É de dar náuseas o mofo. Como esse exemplo, cito a maioria do que a telona mostra, salvo raras e felicíssimas exceções. E o que dá a perenidade são os elementos artísticos alinhados na obra.

Esse assunto tive a oportunidade de comentar com a minha professora de roteiro, Juliana Reis, há cerca de duas semanas. Agora ela já está no Rio e não vai me desmentir. O papo foi no Marcão das Ostras, um boteco interessante perto aqui de casa, durante a confraternização de despedida do curso. E ouvi dela que, (e ela é absolutamente apaixonada por cinema), trata-se tão somente de um meio de comunicação de massa. Assim como não é arte a revista que traz a foto de um quadro de Van Gogh, não é arte o cinema que porta um sem-número de expressões artísticas (ou não), em seu bojo.

Quero também fazer todas as mais elevadas reverências aos que escolhem viver com arte, pela arte, e da arte. Aqueles que se profissionalizam artistas sabem, ou deveriam saber, que dependem muito menos de seus próprios talentos do que do seu público. De nada adianta expressões maravilhosas se as pessoas não vão lhe entender, lhe aceitar, lhe considerar, lhe absorver, lhe consumir. E mesmo assim, a maioria deles, os artistas que podem ser nominados de verdadeiros, não abre mão de seus próprios conceitos para satisfazer as vontades de quem quer que seja. Que bem diga o citado Gogh que nunca conseguiu vender um quadro em vida, mesmo tem se esforçado muito para isso.

terça-feira, abril 14

Solterice de conveniência

É uma coisa que venho percebendo evoluir. A tão propalada emancipação feminina, decantada em versos e prosa, está aproximando as mulheres de práticas até então muito mais afeita aos homens: trapacear o sexo oposto. Não que isso não tenha acontecido em priscas eras, ou que seja algo tão diferente do que sugere Machado de Assis em Dom Casmurro, mas a coisa está assumindo proporções continentais, penso eu.

Homem não presta, a maioria deles, posso até concordar. Mas o que vem passando pela cabeça de suas costelas? Será que, de um modo geral, elas ainda se diferenciam? Dias desses, ouvi falar de uma pesquisa realizada em Pernambuco dando conta de que os chifres habitam as cabeças masculinas e femininas nas mesmas proporções. Asssustador para que não gostaria nunca de ser chamado de corno. Mas é melhor ir se acostumando com a possibilidade se não quiser entrar em colapso se esse malfadado dia chegar. Infidelidades rondam a tudo e a todos. Daquelas bem desagradáveis do tipo que só sabe depois que todos já tomaram conhecimento. É... o chifrado, não raras vezes, é o último a saber.

Tudo isso é só a introdução de certa história que me foi contada como verdadeira. Uma determinada pessoa estava feliz da vida com a namorada. Toda perfeitinha, do jeito que a sua mãe gostaria. A nora que ela pediu a Deus. Aconteceu que um belo dia, a menina informou que o relacionamento deveria chegar ao fim. Proposta de emprego fora do estado, de salário irrecusável. Como nenhum dos dois acreditava em romance a distância resolveram em meio a lágrimas por a termo aquela história que tinha tudo para ter final feliz, não fossem as questões econômicas e geográficas.

Mas ela, volta e meia visitava a cidade. Afinal de contas, Pernambuco não é tão distante e o gordo salário era capaz de financiar indas e vindas duas vezes por mês. Quando aqui chegava, sempre ligava para o ex-namorado, que, saudoso ia direto aos seus braços viver tórridos momentos de um amor impossível pelos motivos anteriormente apresentados.

Tudo corria assim, em meio a troca de mensagens internéticas apaixonadas, recobertas de lamentações pela ironia do destino, que de forma tão nefasta tornou-os distantes. Um belo dia, uma amiga em comum, falou para ele que tinha visto a ex-namorada em determinada balada. Mas como assim? Perguntou incrédulo. O que estaria acontecendo, leia a seguir.

Foi atrás de tirar a dúvida que passou a povoar seu juízo. Descobriu em suas andanças que a ex-namorada, na realidade, não tinha nunca se mudado para outra cidade. Estava tão somente a fim de aprontar todas e mais algumas ungida por uma conveniente solterice. Quando a saudade apertava, recorria aos velhos, bons e conhecidos braços, que lhe continuavam disponíveis. Dá pra imaginar o fight que rolou depois disso. Acerto de contas que entre mortos e feridos todos sobreviveram. Acho que todo mundo já deve ter em seu acervo histórias semelhantes que endossam a tese da igualdade entre os sexos. No melhor e no pior. Até lágrimas são passíveis de serem questionadas.

quinta-feira, abril 9

Efeito Susana Vieira


Bom retornar a escrever despretenciosamente depois de um período em que me afastei desse desprentencioso blog, envolvido que estive com atividades que me absorveram em boa parte do meio tempo antes livre. Valeu à pena. Voltei. (Enquanto baixo o filme do Wolverine que ainda não entrou em cartaz nos cinemas daqui).

Por esses dias passei a perceber uma nova dimensão da realidade que me cerca. Hoje, mais que ontem há um grande número de mulheres se envolvendo com homens mais novos. De todas as faixas etárias. Chamo a isso de efeito Susana Vieira. (A atriz, na altura do campeonato, já deve ta pegando algum menininho novamente. O último que o Google registra é um de 25 anos).

Mas por que isso está acontecendo? Há algum tempo, não era raro alguma menina, de 15 anos, que fosse (e eu ouvi muito isso) falar que o leite ninho estava caro (e continua caro), para desdenhar de forma muito clara o seu desinteresse por garotos mais novos ou de sua idade, que fosse. Só valia a pena se o cara fosse no mínimo 20% de sua idade mais velho. De 15, então, queria um de 17 ou 18. De 20 um de 24 ou 25, e por aí vai. Isso era o normal, plenamente aceitável pelas convenções sociais de relacionamento. Se algum amigo de 15 ou 16 anos (quando eu tinha essa idade) conseguia catar alguma menina mais velha, era logo visto como felizardo, ou “cabeça”. Afinal de contas, meninas mais experientes eram sempre interessantes para uma ficada ou até um namoro descompromissado, sem perspectivas de casamento a médio ou longo prazo...

Mas o tempo avança e nada continua do mesmo jeito. Hoje, apesar das torcidas de nariz de algumas mulheres a isso, virou super comum, quase moda, mulher catar menininho. Soube até de um amigo, de 15 anos, que está saindo com uma de 21. A "peguete" pára o carro, buzina diante da casa dele, e ele sai para dar um giro na cidade com a consorte. O medo da mãe é ele se apaixonar e sofrer com desdobramentos futuros. Será?

Meus miolos não se aquietam quando pensa nessa modernidade. O que está levando às mulheres mudarem tanto os seus conceitos em relação aos seus parceiros? Não creio que seja desespero, ou medo do caritó. Penso que tenha alguma coisa a ver com a dominação entre os sexos. Se antes a mulher era totalmente dependente, emocional e financeiramente de seus parceiros, e sempre coube ao homem o papel de financista, a coisa está bem mudada, e continua mudando na direção contrária. Mulheres pegam, penso eu, os mais novinhos para determinar um padrão de poder. Ela está estabilizada economicamente e portanto dita as regras da convivência. Se quiser, é assim. Se não quiser, desocupe a vaga.

Acho mais confortável pensar que a questão é essa do que acreditar em uma segunda alternativa que se apresenta. Mulheres estariam adotando um padrão masculino na escolha de seus parceiros. Não interessa mais a busca do pater famílias, provedor e estuário da segurança emocional. Mas um corpinho sarado, disposto e sem conflitos existenciais. O resto, pode deixar que elas têm condições de se virarem sozinhas. Será isso? Aqui estou, totalmente aberto a terceiras avaliações.