quarta-feira, julho 30

BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de Junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de Setembro de 1908)

Cem anos sem o nosso maior escritor. Faço aqui minha homenagem a este homem que eternizou-se pela forma como pensou e pelo brilhantismo como escreveu. Também dedico o poema machadiano aos que são queridos a mim.

terça-feira, julho 29

Tibet livre, pra mim é pessoal


O cenário é parecido, mas os atores, quanta diferença. Em 1980, a poucas semanas dos jogos olímpicos de Moscou, os Estados Unidos avisam que não irão participar das competições. Motivo: A então União Soviética invadiu o Afeganistão, atitude totalmente incompatível com os valores democráticos e de liberdade ianques. Quanto cinismo.

Hoje, 28 anos depois, teremos os jogos em Pequim, com um Tibet invadido e espezinhado por seus vizinhos chineses. E ninguém diz nada. Tudo normal, tudo belo. Afinal de contas o PC de olho puxado rendeu-se aos encantos da economia de mercado e pratica o mais deslavado capitalismo, piratarias à parte. De quebra, ainda tem intimidadora bomba atômica. Não há uma só voz no mundo livre ocidental primeiromundista cobrando uma atitude minimamente civilizada dos anfitriões olímpicos.

Desde 1950 um povo que tem profundo respeito à vida por suas tradições budistas, vive sob o jugo de um governo ateu. Crianças são forçadas a ingerir carne, templos religiosos são destruídos em nome de uma suposta libertação, somente para dizer o mais divulgado. O único apoio que os tibetanos recebem é a recepção bissexta gentilmente concedida pelos chefes de estado ao Dalai Lama, que vive exilado na Índia. Enquanto isso, uma cultura pacifista se desintegra.

E já que falamos de olimpíada, rendo minhas homenagens a Yelena Isinbayeva, que hoje quebrou novamente o seu record mundial. Os papos que ela leva com a vara antes de cada salto parecem funcionar. Foi a 5,04 metros .


domingo, julho 27

O tempo acelerado - Ressonância de Schumann

Há algum tempo, não sei exatamente quanto, eu li este texto sobre ressonância Schumann, atribuído a Leonardo Boff. Nunca vi mais ninguém falando sobre isso, o que deixar a pensar de seu caráter verídico. Mas como eu tenho sentido que pelo menos um fundo de verdade há por trás, eu aqui reproduzo, sob a foto de Fortaleza vista do espaço.



TEMPO ACELERADO - de Leonardo Boff

Ressonância de Schumann

Não apenas as pessoas mais idosas mas também jovens fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?

Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo.


Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.


Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde. Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83para 11 e para 13 hertz.


O coração da Terra disparou. Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória,mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann.


Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vaiconsegui-lo, mas não sabemos a que preço, a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores, como a irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da Terra.


Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera. Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.


Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais harmonia, com mais amor, que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz.

Leonardo Boff

quinta-feira, julho 24

Guatánamo em Gotham City


O filme é bem elaborado, roteiro que prende, envolve, e coloca o público como torcedor do herói trevoso. A interpretação do Coringa, levada a cabo pelo ator Heath Ledger (recém morto por uma combinação de cocaína e antidepressivos), assim como a de outros pisco-crazies (como Dustin Hoffman em Rain Man e Tom Hanks em Forrest Gump) que já surgiram nas telas , é digna de um oscar. Não só porque a academia dá especial atenção aos seus piscopatas, mas porque o filme Senhor das Trevas poderia sem nenhum esforço ser batizado de Coringa, tamanha a grandiosidade do trabalho do ator.

Mas fica só nisso. Ideologicamente, este Batman é o que existe de mais reacionário. Defende a política mão-de-ferro de Bush como ainda não tinha visto no cinema. A começar que todo mal vem do estrangeiro, ou é engendrado por uma ideologia anti-americana. Os bandidos são mafiosos italianos e corruptos chineses. Todos os americanos de pai e mãe estão colocados no caminhão das vítimas.

Em nome da lei –a patriótica inventada na era Bush- , Batman invade a China, (Hong Kong, é claro, já que a Continental é aliada e vai realizar a Olimpíada) e seqüestra direto para as prisões de Gotham o bandidão desclassificado de olhos puxados. Em nome da moral e dos bons costumes vale quebrar as regras, diz o filme.

Na prisão, o Coringa é espancado brutalmente por Batman, sob os olhares complacentes das altas autoridades policiais. Alguma semelhança com Guatánamo ou Abu Gabri? Que tal os afegãos seqüestrados de seu país e mantidos encarcerados sem nenhum direito civil na ilha cubana? S o Batman pode dar uns catiripapos em um bandido, porque o Estado Ianque, deve se privar de prender e arrebentar em nome do mundo livre?

Nas explosões do filme, hospitais são os principais alvos. Mostrando todo o lado cruel do terrorismo, protagonizado por pessoas sem o mínimo de piedade, portanto merecedoras de represálias à altura. Assim, mostra o filme, Batman tem todo o direito de quebrar os direitos civis da população de Gotham City e promover a escuta telefônica de forma indiscriminada, fuçando a vida de todos. O que exatamente é permitido pela lei patriótica de Bush.

A mensagem ideológica não pára aí. Coringa, o pior dos bandidos, é também o mais anti-americano deles. O bandido incendia um montanha de dólares, (teoricamente bilhões deles), mostrando simbolicamente a sua total aversão ao mundo capitalista e a tudo que ele representa. Afinal de contas, terrorista que é terrorista faz o mal pelo mal, simplesmente porque não suporta os valores do mundo livre(?). Terrorista que é capaz de promover tanta maldade a troco de nada, só pode ser um maluco varrido, que não deve ser nunca tratado como um cidadão. Não é possível existir nada sensato capaz de se opor aos valores americanos, ao american way of life, diz o filme em suas entrelinhas.

terça-feira, julho 22

A china é o Brasil

A china está ficando igual ao Brasil. Quem fala isso não sou eu. É o Ai Weiwei, considerado um dos principais artistas chineses da atualidade. Hoje saiu na Folha de São Paulo uma entrevista dele, onde critica principalmente os intelectuais que se calaram todos diante da hegemonia do poder. Na China. Será que parece com o Brasil?

Weiwei diz que, a exemplo do nosso país, a China se transformou em uma ilha de poderosos intocáveis muito ricos, cercado por milhões de miseráveis. Detalhe, ele nunca esteve por aqui. Condena também toda a pirotecnia gerada a partir da Olimpíada de Pequim. Uma falsa propaganda de um país que enfrenta graves problemas. Apesar de ser apontado como a grande ilha da prosperidade capitalista.

E por falar em Folha, veja o que este jornal é capaz de fazer para falsear a verdade:

Aqui, FS, ontem, em sua primeira página (pode ser conderido no site (www.uol.com.br/fsp) e fala em 50 mil na manifestação em Bogotá, contra as prisões das FARC. Somente pela foto, percebe-se que a participação não foi elevada. O ângulo mostrado é fechado e se percebe com nitidez os clarões da passeata. Quem já acompanhou uma manifestação com 50 mil pessoas sabe que fica impossível abrir tantos claros.


E para completar, veja o que o texto no interior da mesma (eu disse a mesma) edição do jornal diz:

Centenas de milhares. Centenas de milhares? Isso seriam pelo menos 200 mil pessoas, quatro vezes mais o que fala a chamada de capaz. Este contraste entre as duas informações dá a nítida idéia de que se quer anabolizar esta passeata contra as FARC. Clicando nas imagens fica mais fácil visualizar os textos.

segunda-feira, julho 21

Mais uma semana

Final de semana movimentado esse o meu. Teve futebol, com

meu sobrinho Levi, no Castelão. Pena que nosso time levou de 3 da ponte.

Cidadão Instigado na praça. Fernando Catatau encarou o desafio de enfrentar o Rapa, em show 0800 em outra praça, e agitou com música autoral.
Salmão ao forno e arroz com brócolis aqui em casa , entre amigos. Afinal de contas gastronomia também é arte, principalmente quando a Márcia pilota!


E a Anna, para degustar o salmão, pela primeira vez em minha casa. Ela que bloga como ninguém em Jornalíntimo (link ao lado), também se afeiçoou com o Toby (mais inteligente que a maioria dos cachorros).

sexta-feira, julho 18

Produção Artística X Indústria Cultural


Minhas amigas Tith, Flavinha e Julia participando do aquecimento do show do Monobloco

Ontem teve show do Monobloco, por aqui. Muita energia transmitida por uma percussão que tenta reproduzir em miniatura uma bateria de escola de samba, às vezes tendo como coadjuvantes, às vezes como protagonistas, baixo, guitarra e cavaquinho elétrico. Vale a pena pela festa. Antigas e novas músicas estilizadas, muitas lembrando ritmos de carnaval, outras extraídas e reinventadas advindas dos clássicos da MPB. Outras, nem uma coisa nem outra, só releitura mesmo. As companhias também estavam ótimas!

Tudo isso me levou a reflexões sobre a minha interação com expressões artísticas. Sempre gostei de buscar o desconhecido, em termos de música, queria e continuo querendo me inteirar o que está além da MTV e das estações de FM. Conhecer o novo, e ter algumas coisas razoavelmente exclusivas em meu meio me levou a fazer aquisições de coisas insuspeitas.

Apesar dos esforços próprios e de todas as facilidades proporcionadas pela Net, na captura de impressões digitais musicais, ainda sinto que somos bem escravos da indústria cultural que define o que vai ser sucesso, o que devemos consumir, até mesmo os ritmos da temporada. Um ano é Axé, outro é funk, outro é lambada, outro é samba, outro é forró eletrônico. Achei o píncaro encontrar, certa vez, em uma danceteria paulista umas japas requebrando ao som de Mastruz com Leite.

As coisas acontecem meio de forma imperial. Alguns executivos definem quem serão os gravados e trabalhados para implantar em uma nação de quase 200 milhões um desejo de consumo musical. E tome programas do Faustão, do Gugu, Sérgio Groissman, e outras catrevagens mais. As mesmas notas musicais invadem emissoras de rádio até a exaustão, gerando no público (que deixa de ser apreciador da arte para ser consumidor) o desejo de entrar na festa, ter aquele bestiário em seu mp3 player, som do carro, da sala, no bar, de ir ao show e sair rebolando por aí ao som do último hit da temporada.

Mas o que é arte? Como fugir do lugar comum sem se tornar em um pedante, de nariz empinando, arrotando uma falsa erudição propelida a leitura de livros cheios de mofo? E ao mesmo tempo sem cair do ridículo de dizer que não gosta do que realmente gosta só porque determinado gênero é considerado de baixa qualidade por alguns iluminados que se acham o donos dos padrões estéticos globais. (no sentido de mundo, e não da rede globo de TV).


História comprida essa. Aí me vem à cabeça a frase de velha canção do Milton Nascimento que diz que todo artista tem de ir aonde o povo está. Tem gente levando isso ao pé da letra, de forma cruel. Migram do MPB inconseqüente para a música Gospel (meleca tocada para crentes) com muita facilidade, e dizem que fazem isso em nome do Senhor e não dos níqueis que passam a acumular após a conquista do novo território, corações e mentes incautas. Não é assim Baby Consuelo? Ou mesmo procuram sofisticação em parcerias consagradas ou em melodias mais palatáveis aos ouvidos cultos.


É difícil se colocar na situação de apontar o que realmente tem valor artístico. Dias desses tava ficando meio de rosca com o cinema que sempre foi feito. Produções antigas, que se pareciam obras perfeitas, ao serem revistas são uma verdadeira tristeza, nos deixando envergonhados de algum dia ter realmente apreciado aquilo. Arte não envelhece, é fato. Nessa expressão artística pouca, muito pouca coisa se eterniza como as produções de Charlie Chaplin, alguma coisa de Kubrick, Felinni, Hitchcock e outros pouquitos que não quero citar para não deixar margens à injustiça.


Da mesma forma, começo a achar despropositada a transposição dos heróis em quadrinho para as telas, apesar de sempre conferir in loco os resultados. Absolutamente sofríveis homens de ferro, homens aranhas, supermans, batmans, quartetos fantásticos, surfistas preateados, hulks.... Se quiser entender um pouco do que eu digo, procure assistir o primeiro superman, com a participação de Marlon Brando que fica mais fácil.

Será que alguém chega até aqui lendo o que escrevi? Não creio, mas ainda quero dizer mais algumas coisas, entre tantas outras que ainda penso em relação a esse assunto. Com o passar dos anos, para quem viu as obras artísticas, verdadeiramente artísticas, no original, é um pouco traumatizante assistir aos remixs feitos com pouca qualidade. Quem conhece uma bateria de escola de samba, produzindo os seus ritmos em força bruta em um ensaio de barracão, com toda aquela vibração pulsando na totalidade das células, fica muito complicado se envolver demais com uma apresentação do Monobloco. Quem já esteve em Nilópolis, absorvendo aquela explosão chamada de Beija-Flor, sabe exatamente do que estou falando. Sem querer se chato com os torcedores das demais escolas.

PS. As fotos foram tiradas por um sony ericsson com câmera de 1,3 mp

quinta-feira, julho 17

Cabeça de avestruz

Peço desculpas a todos por voltar a este tema cansativo que invadiu os noticiários que é a truculência com que o presidente do STF vem tratando a tudo e a todos para deixar fora das grades o seu amigo Daniel Dantas, criminoso, que enriqueceu a custas de falcatruas, grande parte delas praticadas contra os indefesos cofres da nação. A mídia toda, ou quase toda, tem falseado muitos aspectos desta história que remonta os tempos em que o Brasil foi saqueado com a venda das teles e houve um festival de privatizações.

O banco Oportunnity, de Daniel Dantas, se favoreceu de forma traiçoeira com a compra da Telebrás, acontecida em 1998, quando Gilmar Mendes era o advogado-geral da União. E fez de tudo- e conseguiu - para barrar as liminares que impediam as privatizações. A partir daí, ele e Dantas passaram a ser os melhores amigos de infância. Órgãos de comunicação foram silenciados e a pilhagem se desenvolveu na mais perfeita tranqüilidade para os piratas. Detalhes desta trama ardilosa podem ser conhecidos em http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=1404.

As trapaças de Gilmar Mendes já haviam sido denunciadas em artigo escrito pelo jurista Dalmo Dallari, em 2002. Naquela data, Ele lembra que Mendes fazia a Advocacia-Geral da União, a qual chefiava, pagar cursos ao Instituto Brasiliense de Direito Público, o qual era dono. Ou seja, ele paga a ele próprio com o dinheiro do contribuinte. Não é lindo? O artigo completo de Dallari, onde ele faz essa e tantas outras revelações pode ser lido aqui http://jornalismobarao.wordpress.com/2008/07/12/nos-avisaram/.

Até demarcação de terras indígenas ele tentou anular.

E agora desembarca o Cacciola. Acho que ele estava doido para retornar ao país, para ser logo libertado por algum ministro do Supremo. As cadeias do Principado de Mônaco devem ser muito monótonas. Além de uma pizza, como bem diz a Nina, trata-se de um soco no estômago nos que teimam em conhecer a realidade por dentro.

E dessa estupidez toda, nem a ministra Helen Gracie escapa. Foi ela quem mandou suspender a abertura do HD do Oportunnity, quando aconteceram as investigações dos mensalões, que geraram toda essa atual investigação da Polícia Federal. Nada escapa. Empresas de comunicação, jornalistas, ministros, políticos, banqueiros. Todos estão montados no esquema de sangrar o país, todo o seu povo, desde 1.500.


terça-feira, julho 15

Satiagraha ou agarra e solta?


Se alguém consultar o nome da famosa operação da Polícia Federal no Google, que deu a esperança a alguns de que alguma coisa estaria mudando neste país, vai encontrar quase 180.000 mil respostas. De uma hora para outra, a estratégia Satiagraha de Ghandi para derrotar os ingleses se transforma em um dos mais populares verbetes da atualidade. Se nos idos de 1948 serviu para levar a Índia à independência dos britânicos, em terras brasilis vai se transformar em sinônimo da impunidade anabolizada por milhões de dólares.

Lembrei-me de uma história que aconteceu no estacionamento de um shopping. O proprietário de uma camionete importada aguardava um carro deixar uma vaga para ocupá-la. Porém outro motorista, em um carro popular, adiantou-se em tomou a vez, ocupando o espaço vazio, logo que o outro carro deixou a vaga. E ainda ironizou o caso, dizendo ao motorista do importado: “o mundo é dos espertos”.

A camionete só esperou aquele ser inferior deixar o seu popular e enfiou o pára-choques na traseira do antagonista, até deixar o carro em forma de maracujá velho. Jogou o seu cartão de visitas com o número do seguro do carro e disse: “engano seu, o mundo é dos ricos”, e deu de costas.

É isso que diariamente acontece no mundo todo e aqui com mais freqüência, em face dos elementos altamente corruptíveis que habitam as cortes, as casas legislativas, as cadeiras dos executivos. O Brasil todo ouviu que o Supremo Tribunal Federal está nas mãos de Daniel Dantas. E ninguém faz nada porque não quer, por medo, ou pela mais completa e absoluta impotência.

Agora quem corre são os delegados da Polícia Federal, talvez assustados com o poder de fogo de seus investigados. Reúne-se governo e ministros do Supremo e decidem que a ordem agora é ampliar até não poder mais as punições por supostos abusos de autoridade cometidos pelas pela PF e similares. Em outras palavras, “vamos facilitar a vida desse pessoal que vive afundando o país com tanto roubo, mas que de vez em quanto nos paga uma propina”.

domingo, julho 13

Sombras do ser


Não pense que vai ouvir de mim

Pela minha própria boca.

Recua, sai fora, vade retro!


Prefiro o silêncio a expor

Minhas entranhas, meu timo,

Minhas teorias falhas, obtusas


Não terá noção de minhas raízes

Se não procurar saber das infâmias

Do que andam falando nos confabulatórios


Terá palavras rasas

Não citações filosóficas

Dos grandes pensadores.


Desconheço autores, nomes, datas

por total incapacidade mental.

Não tenho nada a dizer.


Mas se me fala quem você é

Dispensando palavras,

Mas se traduzindo no espaço


Gestos, jeitos, maneiras, atitudes,

Verá que a única simbiose verdadeira

É na conjunção dos sentimentos.


Cada idéia recusada, refutada

É um não ao outro.




sexta-feira, julho 11

entre o sim e o talvez



Noite fria

Pensamentos quentes

Capazes de derreter

Barras de ferro.


Quem vai deter

O poder imperial?

E dizer:

Impossível, volte amanhã!







quinta-feira, julho 10

notas visuais

Não foi por querer, mas às vezes isso acontece. Uns pedem inverno e outros querem verão. Enquanto a minha amiga Anna (acho muito chic esse nome com dois enes!!) pedia poesia eu despejava bílis através dessas mal traçadas linhas do post abaixo.

E confirma-se o que a humanidade já sabia. Daniel cheio da grana Dantas está novamente solto.

Mas se a poesia não vem do teclado, origina-se então dessa bela imagem. Galba Sandra captura o estiloso movimento da Renatinha, com o mar ao fundo. Particularmente, considero muito poético.

quarta-feira, julho 9

Cenas dos próximos mensalões

A classe -média-remediada-baixa-renda-pobre-excluída-lascada-em-banda- descamisada-ó-pátria-amada-salve-salve vibra com as prisões dos celsos pittas, daniels dantas e nagis nahas da vida. A mídia refestela-se com tão esplendoroso e bissexto acontecimento. É a polícia federal com as mãos desatadas do Governo Lula. Tubarões vão para o xilindró enquanto alguns ficam pensando que o país tem jeito, que a impunidade um dia acaba. Mas alegria de pobre sempre dura pouco, frações de segundo.

Logo, logo, canais de televisões voltam a normalidade social e o estado democrático de direito, que dá direito a todos que tem dinheiro, se impõe na voz do ministro do Supremo. As câmaras se perfilam para ouvir e retransmitir em cadeia nacional que as prisões foram envolvidas em pirotecnias e shows midiáticos. A PF espetacularizou as detenções ao convocar a imprensa na calada da madrugada. As algemas postas nas mãos dos figurões foram excessos inaceitáveis (Homem de bem tem de chegar na cadeia cercado de altivez e sua honra jamais, em hipótese alguma, pode ser posta em dúvida).

As mesmas câmaras que estavam lá na ação policial se curvam às declarações do ministro do Supremo, como se estivessem reconhecendo a sua participação na ação espetaculosa, quase criminosa (claro! O crime é a prisão dos bacanões e não os bilhões roubados dos contribuintes!) também muito útil para vender Boa, que mesmo com consumo proibido entre motoristas ainda produz uma gorda conta publicitária. Só isso já justificaria a interrupção da programação normal da TV para avisar a nós o que está se passando dentro da cadeia.

Corrupto que é corrupto mesmo, com disposição para anabolizar os mensalões da vida não vai se deter por muito tempo. Já está em curso, via poder judiciário-que-tudo-pode-até-mesmo-violar-códigos-de-lei, um pedido de hábeas corpus transformando delinqüentes bem de vida em anjinhos novamente. E quem quiser que conte outra.

segunda-feira, julho 7

Pela arte



Dieta rigorosa

Músculos aflorando a pele

Estrutura muscular aquecida

Alongada, pronta para movimentos

Rápidos, frenéticos, criativos, repetitivos


As dores não contam

Piso milimetricamente marcado

Luzes indicando direções, contornos

Música que não diz nada, só marca

A fala do corpo.

domingo, julho 6

Era glacial


Campanha eleitoral começando e todos interessados no processo buscando dar a falsa impressão de que você, com seu voto, está sendo decisivo para os destinos de sua cidade, seu estado, seu país. Alguns nomes se colocam como os mais capacitados para comandar a cidade, e outros tantos se propõem a serem os fiscais da prefeitura e os elaboradores das leis municipais.

Democracia é isso, uns votam e os uns poucos eleitos decidem o que fazer, como fazer e porque fazer. Na maioria dos casos, para não dizer todos, os interesses visados são os próprios, pessoais, de familiares, amigos, apaniguados, protegidos. O poder real é o econômico. Eleitos se ajoelham, sempre, e atendem a generosa mão que repassa propinas, superfaturamentos, benefícios diversos.

Campanha eleitoral é o show do milhão ao contrário. Dudas Mendonças contratados com cheques de sete dígitos, programas de televisão pagos a peso de ouro, notícias compradas na mídia, empresas de televisão vendendo candidaturas que eleitas irão facilitar o acesso aos créditos do BNDES, prorrogação de pagamentos das dívidas do INSS, contratos publicitários fabulosos.

Mas se o eleito furar a palavra empenhada, a mídia não se faz de rogada. Cria uma pauta extensa de falcatruas produzidas pelo poder representativo. Afinal de contas todos os políticos têm sempre algo a esconder em seu passado nebuloso, ou então, no presente, está envolvido em alguma negociata. Qual deles nunca colocou um parente em algum cargo público? Na falta de escândalos mais espalhafatosos, ataca-se de clientelismo, nepotismo, omissões no exercício do cargo.

O eleitor, simples mortal que habita na zona periférica dos centros urbanos, é sempre a cartada decisiva dos candidatos. Em número, superam os bolsões de burguesia e podem decidir uma eleição. Normalmente, trocam o voto por algum favor imediato. O mais emblemático de todos é a dentadura. População de banguelas. Mas há tantas outras formas de se conquistar a “confiança” do excluído. Que tal uma bolsa família, que assegura reais pelos próximos quatro anos? Afinal de contas este benefício entra governo, sai governo vai se perpetuando. Para os mais abençoados, há uma casa popular lhe esperando logo após o abrir das urnas. Ou até antes disso.

Modelo democrático nacional querendo ser exemplo para os Estados Unidos. Urnas eletrônicas que em poucas horas apontam os eleitos, praticamente isentas de fraudes. Partidos de esquerda, de direita, de centro, de cima do muro que se assemelham tanto. Eleições decididas pelos nomes. Povo que há muito tempo desistiu de entender de ideologias, perdeu as esperanças, assiste impassível aos telejornais como se nada estivesse ao seu alcance ou despertasse verdadeiramente os seus interesses.

Dá pena ver parentes de vítimas da violência se unindo em pequenos grupos cobrando justiça para seus mortos. Ou bacaninhas zona sul, depois de mais uma incursão armada dos moradores dos morros em seus territórios, se organizarem em caminhadas pela paz.

Não há paz visível onde todos são transformados em mercadoria. Onde o lucro é o princípio, meio e fim de todas as relações sociais. Criam-se ongs teoricamente para se fazer o bem a terceiros, ou salvar o mundo de uma hecatombe climática, mas o que se vê são uns poucos dirigentes em pouco tempo, melhorando verticalmente de vida às custas de contribuições pessoais e do estado. O voto não vai mudar nada disso. Pensar o contrário é, talvez, somente uma vã ilusão desprovida de sentido no universo real.